tag:blogger.com,1999:blog-465732052127489347.post1435456756604585943..comments2023-05-10T04:00:32.489-07:00Comments on BRASILEAR: FRAGMENTOS LIBRO DEL DESASOSIEGObrasilearhttp://www.blogger.com/profile/01079131703289648825noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-465732052127489347.post-55509160114762825012010-05-15T06:37:49.519-07:002010-05-15T06:37:49.519-07:00Muchas gracias!Muchas gracias!Mario Camaranoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-465732052127489347.post-91380773122090756992010-05-14T06:50:40.415-07:002010-05-14T06:50:40.415-07:00Alberto Caeiro
Da minha aldeia vejo quanto da ter...Alberto Caeiro<br /><br />Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo… <br /><br />Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...<br /><br />Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,<br /><br />Porque eu sou do tamanho do que vejo<br /><br />E não do tamanho da minha altura...<br /><br />Nas cidades a vida é mais pequena<br /><br />Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.<br /><br />Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,<br /><br />Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,<br /><br />Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,<br /><br />E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.<br /><br />s.d.<br /><br />“O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993).<br /> <br /><br /> - 32.<br /> <br /> <br /> <br />Bernardo Soares - Livro do Desassossego<br /><br />Releio passivamente, recebendo o que sinto como uma inspiração...<br /><br />L. do D.<br /><br />Releio passivamente, recebendo o que sinto como uma inspiração e um livramento, aquelas frases simples de Caeiro, na referência natural do que resulta do pequeno tamanho da sua aldeia. Dali, diz ele, porque é pequena, pode ver-se mais do mundo do que da cidade; e por isso a aldeia é maior que a cidade...<br /><br />«Porque eu sou do tamanho do que vejo<br /><br />E não do tamanho da minha altura.»<br /><br />Frases como estas, que parecem crescer sem vontade que as houvesse dito, limpam-me de toda a metafísica que espontaneamente acrescento à vida. Depois de as ler, chego à minha janela sobre a rua estreita, olho o grande céu e os muitos astros, e sou livre com um esplendor alado cuja vibração me estremece no corpo todo.<br /><br />«Sou do tamanho do que vejo!» Cada vez que penso esta frase com toda a atenção dos meus nervos, ela me parece mais destinada a reconstruir consteladamente o universo. «Sou do tamanho do que vejo!» Que grande posse mental vai desde o poço das emoções profundas até às altas estrelas que se reflectem nele, e, assim, em certo modo, ali estão.<br /><br />E já agora, consciente de saber ver, olho a vasta metafísica objectiva dos céus todos com uma segurança que me dá vontade de morrer cantando. «Sou do tamanho do que vejo!» E o vago luar, inteiramente meu, começa a estragar de vago o azul meio-negro do horizonte.<br /><br />Tenho vontade de erguer os braços e gritar coisas de uma selvajaria ignorada, de dizer palavras aos mistérios altos, de afirmar uma nova personalidade larga aos grandes espaços da matéria vazia.<br /><br />Mas recolho-me e abrando. «Sou do tamanho do que vejo!» E a frase fica-me sendo a alma inteira, encosto a ela todas as emoções que sinto, e sobre mim, por dentro, como sobre a cidade por fora, cai a paz indecifrável do luar duro que começa largo com o anoitecer.<br /><br />24-3-1930<br /><br />Livro do Desassossego por Bernardo Soares.Vol.I. Fernando Pessoa. (Recolha e transcrição dos textos de Maria Aliete Galhoz e Teresa Sobral Cunha. Prefácio e Organização de Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1982.<br /> <br /><br /> - 140.Dr.Reymondshttps://www.blogger.com/profile/12430099946953320889noreply@blogger.com